Portugal em flor















Tu que tens as flores
os campos e jardins
porque corres espavorido
sôfrego e insano
para outros territórios
confins ?

Tu que tens o ar puro
o verde ondulante das colinas
porque deixas morrer a flor
o canto do rouxinol
a borboleta e o pôr-do-Sol ?

Tu...
Corres para quê ?para onde?
tens mesmo aí o carinho
das madrugadas
o Sol nascente que afaga
as cortinas do teu doce
e mágico despertar...

Tu...Não sejas peça ocasional
de mobiliário urbano.
Andas eléctrico
não de eléctrico...
sorves a toda a hora
tóxicos em doses descomunais
inalas poluentes dolentes letais
e rasgas a carne
em ilusões cada vez mais brutais...
e procuras na tua fibra natural
a peça maquinal
da máquina que te consome...
e que não dorme...

Escuta o silêncio das madrugadas
a sinfonia dos frondosos bosques
a sonatina do triste pinheiro maninho
cuida do berço que te gerou
das tulipas,violetas e amoras
que enfeitam os sonhos
saudosos...peregrinos
da tua alma
tão chorosa...
lacrimosa...
afinal...

Tu ergue-te...
e vê como a cidade é constritiva
vem semear carinhos nas ruas
doces e incógnitas bandas musicais
encher de cor e fantasia o espaço.
Tu
vem distribuir flores nos cafés
traz o rosmaninho e alecrim
o Sol da Amizade e Amor
puro e casto...
e inunda de paz
a cidade ansiosa
aflitiva...
sensitiva...

A cidade é irmã do campo
mas deixaram de se falar...
procuraste o sintético e o néon
o monólogo de carbono...
Tu...
traz o teu perfume agreste
as andorinhas dos beirais
E vem plantar uma esperança
a tua doce lembrança
nos corações
essenciais...


Carlos Silva - Caldas da Rainha

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